segunda-feira, 30 de maio de 2011

PARTICIPAÇÃO NO CIEL/UEPG - JUNHO/2011


A ementa abaixo foi aceita para o simpósio a ser realizado durante o IV CIEL /UEPG de 20 a 22 de junho de 2011, sob coordenação da Prof. Eunice de Morais. Além do trabalho intitulado A paródia e cânone e A Última quimera, do qual apresentamos breve resumo, serão apresentados outros, os quais concentram-se sobre mesmo tema.

Eunice de Morais, Uniandrade

Apropriações discursivas: do moderno ao pós-moderno


Há muito que as apropriações discursivas surgem de modos e a partir de intenções diversas nas produções artísticas. A citação, a alusão, a farsa, o burlesco, o pastiche e a paródia são formas antigas de referência trans-textual utilizadas como elementos de construção discursiva, porém a ficção contemporânea parece privilegiar alguns destes modos de apropriação como a paródia e a ironia como forma de trans-contextualização questionadora. A literatura, assim como a arquitetura e outras artes, reelaboram discursos e estilos do passado, próximo ou distante, inserindo nesta reelaboração a homenagem e o questionamento, bem como a subversão destes mesmos discursos e estilos. Este simpósio pretende discutir estas apropriações enquanto respostas, conscientes ou não, ao mundo da modernidade e da pós-modernidade.

Palavras-chave: apropriações discursivas; moderno; pós-moderno.



A PARÓDIA E O CÂNONE EM A ÚLTIMA QUIMERA

Utilizaremos para este trabalho as definições de Linda Hutcheon para a paródia como  modo de apropriação discursiva, configurada na construção formal e temática do romance A última quimera; e para a ironia como estratégia retórica que permite ao seu descodificador interpretar e avaliar o que está posto como convenção. A paródia, segundo Hutcheon, é uma “forma de imitação caracterizada por uma inversão irônica, nem sempre às custas do texto parodiado. (...) É, noutra formulação, repetição com distância crítica, que marca a diferença em vez da semelhança”. (HUTCHEON, 1989, p.18). Percebe-se, assim, que não há como reconhecer uma construção como paródia sem procurar nela a “inversão irônica”. A ironia, enquanto, estratégia retórica, acontece pela interpretação feita pelo seu descodificador, ou seja, precisa ser reconhecida pelo leitor. Enquanto a paródia recusa a unitextualidade, a ironia recusa a univocalidade. Na primeira, há a sobreposição de dois contextos textuais e na segunda a de dois significados. Sobre a ironia Hutcheon nos diz “Dada a estrutura formal da paródia, (...) a ironia pode ser vista em operação a um nível microcósmico (semântico) da mesma maneira que a paródia é um assinalar de diferenças, e igualmente por meio de sobreposição (desta vez de contextos textuais em vez de semânticos)” (HUTCHEON, 1989, p.74). Serão apresentados, neste trabalho, alguns recortes do romance que caracterizam  a narrativa como construção paródica e irônica. É preciso lembrar que a descodificação irônica depende deste reconhecimento da construção paródica. Assim, os trechos escolhidos para análise serão reconstruções paródicas claras dos textos certamente pesquisados pela autora e assinalam a destituição ou transformação do conceito de cânone ou pelo menos a sua discussão no romance.

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