terça-feira, 21 de dezembro de 2010

C O N V I T E


MESTRADO EM TEORIA LITERÁRIA 2011

O Centro Universitário Campos de Andrade – UNIANDRADE tem a satisfação de convidá-lo (a) a participar do programa de Mestrado em Teoria Literária reconhecido com o conceito “3”, pela Portaria MEC n° 524 de 29 de abril de 2008, publicada no D.O.U., Seção 1, pág. 16 de 30/04/2008, o curso está em funcionamento desde 2006 e tem como objetivo discutir os avanços mais significativos no desenvolvimento dos estudos que evidenciam a literatura e suas relações com a cultura e a sociedade. Abrangendo duas linhas de pesquisa, Políticas da Subjetividade e Poéticas do Contemporâneo. O curso conta com um corpo docente extremamente qualificado, experiente e formado por pesquisadores atuantes na área.

As inscrições iniciam em 16/11/2010 e finalizam em 11/02/2011, sendo que o processo seletivo será realizado nos dias 16 e 17 de fevereiro de 2011.

Para maiores informações acesse o site do Mestrado http://mestrado.uniandrade.edu.br/ ou entre em contato com TÂNIA, 3219-4109/ 3219-4267.

MENSALIDADE: O aluno assinará no decorrer do curso 04 contratos de 06 meses. A rematrícula será realizada semestralmente, podendo ocorrer reajuste.

TOTAL DE PARCELAS: 1º semestre = 06 parcelas de R$ 1.212,75 com desconto de 40% para pagamento até o vencimento do boleto, ficando cada parcela em R$727,65 (Após o vencimento será acrescido multas e juros)

OBSERVAÇÃO

Edital com informações detalhadas sobre o processo seletivo 2011 e modelo de pré-projeto estão disponíveis no site http://www.uniandrade.com.br

Ficha de inscrição que deverá ser preenchida e entregue juntamente com a documentação para a inscrição.
Informamos que o boleto referente à inscrição será emitido no ato da entrega da documentação, sendo o mesmo no valor de R$ 50,00 (cinqüenta reais). 

As inscrições já podem ser realizadas, sendo que o Pré-Projeto pode ser entregue até o último dia da inscrição, isto é, 11/02/2011. 

O aluno que não entregar a documentação até 11/02/2011(data prevista para o encerramento) terá sua inscrição cancelada.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

UM ERRO EMOCIONAL, DE CRISTOVÃO TEZZA - Por: Verônica Daniel Kobs

Do Inferno ao Céu


            Um erro emocional, livro recém-lançado por Cristovão Tezza, começa com a afirmação de um erro, descontrole que desencadeia um caminho pelo Inferno das lembranças, dos traumas, das derrotas, dos amores e das traições do personagem e autor Paulo Donetti. Do começo ao fim da história, o vinho servido por Beatriz aproxima o protagonista de sua verdade.
            A linguagem reflete o processo do autoconhecimento, com negativas, retrocessos, fantasias e um avanço lento e progressivo, feito a partir da afirmação dos erros e da condição humana e falível: períodos longos, trechos que terminam em suspenso (fragmentados, algumas vezes continuados, após uma breve pausa —
            e, em outras, simplesmente interrompidos), marcados pela parcimônia da fala e pela profusão do pensamento (sendo que esse, muitas vezes, conta também a história não do que foi, mas do que seria, se a palavra imaginada tivesse sido dita, ou se o desejo tivesse deixado de ser apenas desejo).
            Donetti encontra Beatriz, no início da história, e reencontra-a, ao final, em uma atmosfera que une amor, vida e morte. Beatriz, afinal, é única? Ela existe, ou é apenas a “Beatriz amarela”, saída das páginas escritas por Donetti, autor e amante? Beatriz vive, ou é um espectro, com a clara missão de ajudar seu amado a fazer a difícil travessia entre dois mundos?
            O efeito da última página de Um erro emocional é aterrador. O final é um convite ao recomeço. O leitor quer mais e volta imediatamente ao começo da história, para refazer o caminho de Paulo Donetti, bucando pistas que possam ajudá-lo a desvendar o mistério do romance e da sombra de Beatriz, de Donetti (, de Tezza) e de Dante. 
            A musa inspiradora imortal é agora quem guia Donetti até o Paraíso, mas, na passagem pelo Inferno de Tezza, o leitor redescobre o Inferno dantesco:  além de Beatriz, a musa gnóstica —
            Cássio, o infiel —
            Antônia, a Beatriz (ora filha dedicada, ora ex-esposa amantíssima) —
            E, de certa forma, até Gemma di Manetto Donati (a outra com quem Dante/Donetti casou, apesar de amar Beatriz (ou Maria).
            Afinal, depois do erro, o acerto. Beatriz, no destino de Paulo Donetti, representa o antes, o depois e é também o agora, que se transmuta em um futuro promissor, no Paraíso: “Beatriz imaginou, pressentindo a sombra; Donetti deu dois passos tímidos em sua direção e estendeu a mão para tocá-la.” (TEZZA, 2010, p. 191). Enfim, felizes para sempre… até que a vida os separe.
Um erro emocional, de Cristovão Tezza
Editora Record, 2010, 191 páginas.

domingo, 5 de dezembro de 2010

“Crítica literária no Brasil, ontem e hoje” (Benedito Nunes)


Sigrid Renaux (25/11/2010)

Como comenta Victor Sales Pinheiro, na Apresentação do livro A Clave do Poético, de Benedito Nunes (São Paulo: Cia. Das Letras, 2009), “A Clave do poético reúne ensaios de vários momentos da extensa atividade intelectual de Benedito Nunes, autor de reconhecida importância em nosso cenário cultural, sobretudo pela originalidade e profundidade com que aproxima literatura e filosofia”.  Por esta razão, escolhi reproduzir partes dos trechos conclusivos do  ensaio “Crítica literária no Brasil, ontem e hoje” para estimular os mestrandos a ler este ensaio em sua íntegra e, também, os outros ensaios  deste autor, considerado “um tesouro nacional, guardado na Amazônia há décadas”, como afirma Leyla Perrone-Moisés, no Prefácio à obra.
Nos referidos trechos, Nunes afirma que, mesmo que haja uma “aparência de recuperação, a    crítica, sem mais representar um polo de tensão com a escrita dos escritores, está em crise profunda desde algum tempo nos seus princípios, na sua presença pública, na sua operatividade como leitura; há uns bons três decênios em declarada falência em sua função julgadora ou avaliativa, procurou compensar a queda (...) convertendo-se, entre os franceses,em escrita autônoma, objeto de “paixão amorosa”, do prazer barthesiano do texto. Mas, no Brasil de hoje, quando há mais leitores, mais livros, mais jornais, como falar em crise daquele ofício intelectual de julgar que acompanha a liteatura, se ela ainda é literatura?
Por que, então, crise? Somente da crítica ou também da literatura? Onde está o sintoma das causas e de seus efeitos? É no livro que podemos encontrá-los, responde Walnice N. Galvão (Desconversa, 1998):
no conformismo, na predileção pela escrita fácil, no abandono da experimentação formal, na redundância estética, na busca do impacto aprendida com o jornal e a televisão. A crítica literária definhou (enquanto o ensaio crítico em livro cresceu): os suplementos literários desapareceram em sua maioria: o press-release, que faz parte da máquina do mercado e não da esfera da literatura, transveste a informação sobre livros.
(...)
 No entanto, os estudos críticos, fora do jornal, abundam; avolumam-se as investigações sociais, históricas e culturais do discurso literário (...): aumenta o surto ensaístico de trabalhos meio filosóficos, meio literocríticos (...). Talvez pudéssemos pensar que vivemos outro período cultural, o da pós-modernidadem, se o conceito de pós-modernidade não se enraizasse (...) no de modernidade.
Mas talvez seja mesmo a crise da crítica o efeito exterior de uma crise da própria literatura, combalida, intoxicada, inconfortada, maquilada dentro do vigente sistema de valores midiáticos da vida cultural brasileira globalizada. ‘Será’– pergunta Leyla [Perrone-Moysés] e eu com ela – ‘que, ao efetuarmos a liquidação sumária da estética, do cânone e da crítica literária, não jogamos fora, com a água do banho, uma criança que se chamava literatura? Teríamos então de rever, como admite a mesma Leyla, as desconstruções, que foram necessárias, rever o lugar mesquinho da literatura no ensino médio, rever as nossas atitudes em face dela, enfrentar a mentalidade que a rebaixou. Se a literatura cai, a crítica despenca.
No entanto, crise não é catástrofe. Crise é incerteza do que fazer agora e do que virá depois.” (NUNES, 2009, p.65-6).

Boa leitura  a todos vocês!