segunda-feira, 23 de agosto de 2010

THE FIFTH SYMPOSIUM OF IRISH STUDIES IN SOUTH AMERICA : Ireland on the Screen, Stage and Page

Por: Prof.ª Mail Marques Azevedo


Date: 30, 31 August and 01 September 2010

VENUE: Federal University Of Paraná – Curitiba – BRAZIL
Rua General Carneiro, 460 - Ed. Dom Pedro I - Reitoria
The Federal University of Paraná, the Brazilian Association of Irish Studies (ABEI) and the W.B.Yeats Chair of Irish Studies of the University of São Paulo are organising a Symposium of Irish Studies which, since 2006, has gathered specialists from various associations such as IASIL, SILAS, ACIS, CAIS, EFACIS, AEDEI, BAIS.
The Fifth Symposium of Irish Studies in South America has the support of the Embassy of Ireland in Brazil. The theme, “Ireland on the Screen, Stage and Page” will include the following topics:
• Film
• Radio and TV
• Photography
• Theatre and Drama
• Fiction and Poetry
• Translation of Irish authors
• Literary criticism
• History, Politics and Economy


The keynote speakers that have confirmed their participation in the Symposium are:
• Lance Pettitt (Metropolitan University, Leeds)
• Emer Nolan (National University of Ireland/Maynooth)
- Angus Mitchell (Historian and editor of The Amazon Journal of Roger Casement)
• Maureen Murphy (Hofstra University, New York)
• Luz Mar González Arias (University of Oviedo, Spain)
• Paulo Eduardo Carvalho (University of Porto, Portugal)
• Irish poet Eiléan Ní Chuilleanáin
• Irish film-maker John T. Davies
- Irish poet Macdara Woods

Individual Papers of 20 minutes and panels of three or four participants are invited on the topics above. Proposals are welcomed across disciplines, from scholars of languages and literatures, geography, history, psychology, sociology, economy, politics and other fields. Send an abstract of 200 words by email to:
Dr. Beatriz Kopschitz Bastos abeibrasil@yahoo.com.br Please include a short biodata, full address, institution affiliation, day telephone, fax and email address. Abstracts may be submitted in English, Portuguese or Spanish and should be sent no later than 15 June 2010.

The venue will take place in the city of Curitiba, Paraná State, Brazil. If you wish to attend the symposium without presenting a paper, please register by 10 August 2010.
Chair: Laura Izarra, Munira H. Mutran & Lance Pettitt.
Local Committee: Célia Arns de Miranda (UFPR); Liana de Camargo Leão (UFPR); Luci Maria Collin Lavalle (UFPR); Ana Stegh Camati (UNIANDRADE); Brunilda Tempel Reichmann (UNIANDRADE), Mail Marques de Azevedo (Uniandrade), Cristiane Busato Smith (UTP).
For extra information visit:
http://irishstudies.webs.com/fifthsymposium2010.htm



Observação: As inscrições para participação sem apresentação de trabalhos podem ser feitas até o inicio das atividades.

sábado, 14 de agosto de 2010

INCONSTÂNCIAS E REPRESENTAÇÕES DO FEMININO NAS OBRAS DE HILDA HILST E FRIDA KAHLO


Verônica Daniel Kobs

          Elaine Showalter considera a arte das mulheres “um ‘discurso de duas vozes’ que personifica sempre as heranças social, literária e cultural tanto do silenciado quanto do dominante.” (SHOWALTER, 1994, p. 50). Para a autora, essa posição “inconstante”, volúvel e aparentemente contraditória não é mera característica da produção artística feminina; ela é inevitável e possibilita o engendramento de uma nova perspectiva da questão dos gêneros. A “primeira voz” é responsável pela retomada dos estereótipos, e, no momento seguinte, a “segunda voz” encarrega-se de subvertê-los, em uma clara crítica às qualidades e às funções que a sociedade patriarcal associa ao feminino e ao masculino.
          Frida Kahlo, em O ônibus, exemplifica bem esse processo. Em meio aos passageiros retratados na tela, três mulheres chamam a atenção. Seus perfis são totalmente diferentes e, da esquerda para a direita, relacionam-se às seguintes representações: dona de casa, mãe e socialite.  


O ônibus (1929), de Frida Kahlo

É inegável a conformidade das representações femininas de Frida Kahlo em relação ao gendramento. No entanto, a pintura separa o que a convenção costuma agregar em um mesmo perfil. Evidentemente, isso não quer dizer que a pintura expresse uma visão excludente e redutora do gênero feminino. A tela investe na contradição da expectativa ufanista de que a mulher deve, obrigatoriamente, desempenhar com perfeição todos os papéis que lhe são impostos pela sociedade. A separação proposta no quadro não deixa de celebrar a multiplicidade, mas acrescenta a importância da individualidade e da liberdade de ser, mas em medidas diferentes, e talvez até de deixar de desempenhar, por convicção, um dos papéis geralmente atribuídos ao gênero feminino. De modo sutil, reclama-se do preconceito e da falta de opção, já que a recusa a uma das características impostas constitui uma falta grave, para a visão androcêntrica.
Hilda Hilst, ao se debruçar sobre as mesmas questões, carrega no tom cômico e critica mais fortemente o gendramento. Em Fluxo-floema, há vários exemplos da paródia que a autora faz dos comportamentos atribuídos ao feminino e ao masculino. O primeiro é perceptível nos perfis dos protagonistas, Osmo e Mirtza:

Aí, eu falava, falava, e nas primeiras noites ela ouvia o que eu falava, depois ela queria fazer amor e eu fazia amor direitinho e tudo o mais, mas eu queria continuar falando depois. Depois de fazer amor. Aí, ela não me ouvia mais. Comecei a compreender que a Mirtza só me ouvia antes de fazer amor, e então pensei: essa mulher é uma vaca [...]. (HILST, 1970, p. 75)

Mas, meses depois, Mirtza viaja para a Índia e, quando volta, Osmo comenta: “Achei que a Mirtza voltou bem disposta, um pouco bem disposta demais, talvez, e o que me aborreceu seriamente: já não me ouvia nem antes nem depois.” (HILST, 1970, p. 75). Nesses fragmentos, a característica de falar demais, mais associada às mulheres, é dada ao homem. Dessa forma, os papéis se invertem e, no jogo da sedução, não é mais o homem, mas a mulher que ouve, apenas por obrigação, tudo o que o homem diz, a fim de alcançar sua tão esperada recompensa: o sexo. Osmo, porém, percebe o artifício de Mirtza, assim como se dá conta de que ela voltou mudada da viagem. No entanto, ele não sabe dizer por que ela não o ouve mais, “nem antes, nem depois”.
          Em outro texto do mesmo livro, Hilda Hilst desconstrói o mito da beleza feminina, ao apresentar o desabafo de uma personagem que revela o quanto era difícil estar sempre bonita, alegre e saudável, diante do parceiro. Em sua revolta, ela fala: “[...] que vontade enorme de soltar a barriga, [...] de dizer que eu tenho flebite (ah, é?) e que as minhas pernas doem quando eu faço o amor.” (HILST, 1970, p. 128). Esse trecho demonstra bem as obrigações impostas pelo gendramento, bem como evidencia o cansaço e a dificuldade de o personagem feminino obedecer a elas.

(Parte do trabalho a ser apresentado no IV Seminário de Estudos  Linguísticos e Literários da Fafipar, em Paranaguá (PR), no dia 17/08/10. O texto completo será publicado nos anais do evento.)
         

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A CONSTRUÇÃO DO HERÓI NO ROMANCE BOCA DO INFERNO Por: Eunice de MORAIS (UNIANDRADE)



O romance histórico biográfico Boca do Inferno (1989), de Ana Miranda, apresenta uma interpretação sobre a obra de Gregório de Matos e Guerra e sobre os diversos relatos biográficos, de caráter histórico, publicados. A autora faz circundar, no enredo, fatos comprometidos com a história abordados através do discurso ficcional que possibilita o detalhamento narrativo, nem sempre encontrados no discurso histórico. Ou seja, os fatos que podem ser comprovados por documentos históricos vêm no romance repletos de pormenores que fazem dos episódios históricos cenas passíveis de visualização pelo leitor.
Há no romance, por exemplo, representações de personagens históricos como o Padre Vieira e o então governador da Bahia, Antônio de Souza Menezes, além de referências a intelectuais da época como Rocha Pita, Bento Teixeira e Ambrosio Fernandes Brandão que ajudam a compor o cenário histórico; e há também personagens que, como figurações do ser, são invenções da autora. Estes surgem a partir da pesquisa sobre a realidade contemporânea ao tempo da narrativa (século XVII). Por outro lado, há o relato de um crime, previsto por biografias não literárias – como, por exemplo, A vida espantosa de Gregório de Matos (1983), de Pedro Calmon – apresentado desde o seu planejamento até sua efetivação. O detalhamento ficcional do episódio revela exatamente por quem, quando, onde e como foi cometido o crime, diferenciando, pelo visualismo da cena narrada, o texto romanesco do histórico. É também nesta relação entre o ficcional e o histórico que se descobrem as possíveis leituras e o posicionamento da autora em relação à interpretação histórica da vida do poeta em diferentes épocas.
Deste modo, a focalização deste trabalho é a construção da personagem Gregório de Matos no romance Boca do Inferno, considerando as relações entre a autora, enquanto pesquisadora da vida e da obra do poeta, e o herói biografado ficcionalmente. Neste romance, a autora não coincide e nem se aparenta com o herói, mas o reconstitui e configura, baseando-se em pesquisa aprofundada sobre documentos acumulados desde o século XVIII, quando foi escrita a primeira biografia do poeta.  A autora revela a atenção dada também às biografias mais recentes e a textos que esclarecem cientificamente a ambientação histórica e social do país, principalmente na região da Bahia. (...)

Excerto do trabalho de pesquisa a ser apresentado no IV SELLF, (Seminário de Estudos  Linguísticos e Literários da Fafipar) em Paranaguá/PR, a ser realizado de 16 - 20/08/2010. O texto completo será publicado em anais do evento.